Erros médicos: a engenharia clínica como método de prevenção

Três cirurgiões conversando uniformizados dentro de um bloco cirúrgico. Imagem ilustrativa para o artigo sobre

Os erros médicos abrangem um leque amplo de circunstâncias nas quais a atuação médica, que vai desde o diagnóstico até a indicação de medicamentos, é realizada de maneira ineficaz e insatisfatória, causando prejuízo à saúde do paciente. Para caracterizar o erro médico, é preciso diferenciar dois tipos de obrigação médica: de meio e de resultado.

Na obrigação de meio, em que o médico é impossibilitado de garantir um resultado, é necessária uma análise sobre a natureza da falha.

Já na obrigação onde o médico atua assegurando o resultado, qualquer desvio do que foi prometido em um primeiro momento é considerado erro médico. São exemplos deste tipo de obrigação médica intervenções estéticas, cirúrgicas e plásticas.

Conceito e panorama no Brasil

No Brasil, esses tipos de falhas resultaram na morte de aproximadamente 54 mil pessoas no ano de 2017, segundo levantamento do Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil – documento produzido pelo Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS). Além disso, os erros médicos são extremamente custosos, chegando a consumir R$10,6 bilhões anualmente no sistema privado de saúde.

No cenário da medicina brasileira, a maioria dos incidentes identificados ocorre nos ambientes onde a concentração de tecnologia e o estresse são elevados. São exemplo os centros cirúrgicos e de terapia intensiva. Nestes cenários há muitos os profissionais envolvidos, as informações são variadas e a necessidade de tomada de decisão é imediata.

Alguns casos de erro médico são mais comuns, como:

  • Análise errônea de exames de imagem;
  • Cirurgia em membro ou órgão errado;
  • Remoção do órgão errado;
  • Realização de cirurgias desnecessárias;
  • Omissão de tratamentos.

Os principais problemas que causam os erros médicos

Dentro dos hospitais, muitas podem ser as causas dos erros médicos. Alguns deles podem acontecer por falhas de comunicação, equipamentos e gestão. O médico pode, por exemplo, ter acesso a um registro falho ou o hospital pode não ter um protocolo que padroniza os serviços e assegura a qualidade do atendimento.

Ainda, o profissional de medicina pode estar envolto em dificuldades na operação do equipamento médico, sobretudo aquele mal manutenido. Isso lhe tira a atenção e o faz não considerar corretamente informações relevantes para a sua atuação bem sucedida.  Ou seja, o paciente está no centro de uma intrincada rede de profissionais, dispositivos médicos e outros tantos elementos do sistema hospitalar. E, por isso, está entregue a riscos diversos, que podem evoluir para o erro médico.

Sendo assim, um dos pontos mais importantes para que eventos adversos sejam evitados é a adoção de boas práticas de gestão do hospital. Elas organizam e otimizam, com grande preocupação com detalhes, os processos de atendimento e de produção.

Podem ser apontadas a principais causas de erros médicos de acordo com o ambiente no qual ele ocorre:

  • Pronto-socorro: volume do atendimento, diversidade de doenças, ambiente conturbado, falha na comunicação;
  • Atenção primária: falta de recursos diagnósticos e especialistas, interpretação de resultados, erro cognitivo, dados errados em registro hospitalar;
  • Medicina interna: complexidade dos casos, stress, falha nos testes diagnósticos, falha em equipamentos.

A engenharia clínica como solução para os erros médicos

Dentro do panorama de aprimoramento da gestão hospitalar, uma das principais soluções é investir no departamento de engenharia clínica. O engenheiro clínico precisa estar presente e deve atuar tanto em frentes técnicas quanto gerenciais. Através de ferramentas de verificação e calibração que ele sempre leva consigo para uso imediato é que se torna possível minimizar a chance de que o equipamento médico não apresente dados incorretos por causa de mau funcionamento. Isso previne falhas que podem levar a equipe médica a tomar decisões equivocadas que comprometem a saúde do paciente em última análise.

Outro ponto importante que fica sob a alçada da engenharia clínica é a constante avaliação do desempenho das tecnologias e o monitoramento da tecnovigilância. É através deste processo que se identifica, avalia e resolve problemas decorrentes da utilização de equipamentos. Com esse tipo de atenção, a probabilidade de que alguma falha ocorra com aparatos hospitalares é extremamente reduzida.

Como podemos observar, a engenharia clínica pode ajudar na prevenção de erros médicos. Com treinamento especializado, a área promove a verificação equipamentos médicos com maior frequência e, claro, avalia constantemente a necessidade de substituição da tecnologia. Ela apoia e faz parte de uma estratégia da administração para minimizar os riscos, desde que esteja presente no hospital, numa ampla relação de parceria com todos os profissionais de saúde. Para saber mais sobre as atividades desempenhadas por esse profissional, você pode conferir nosso último post.

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