A área da saúde, cada vez mais, está atrelada à utilização da tecnologia na realização de serviços – seja na área da medicina preventiva, cuidado terapêutico, diagnóstico, reabilitação ou administração. Com isso, é possível que médicos atendam seus pacientes de maneira mais eficiente e segura. Nesse contexto, ganha destaque o profissional que fica responsável por cuidar dos aspectos técnicos e administrativos envolvendo a operação adequada dos equipamentos: o engenheiro clínico. Ele atua nas instituições de saúde gerenciando todo o ciclo das tecnologias médicas: aquisição, testes de aceitação, treinamento, manutenção, etc.

Engenharia Clínica: O que é

Antes de abordarmos os detalhes sobre a formação e atuação de um engenheiro clínico, é importante apresentarmos um panorama geral da área.

A Engenharia Clínica é um campo que surgiu a partir da engenharia biomédica  e tem como foco o gerenciamento das tecnologias da saúde. O escopo de trabalho é uma interseção entre gestão de processos e administração/suporte de tecnologias utilizadas em hospitais e clínicas.

Com as inovações tecnológicas tornando-se mais presentes no cenário da saúde, essa área interdisciplinar começou a mostrar-se extremamente necessária nos hospitais ao redor do mundo. Aqui no Brasil, ganhou força no início da década de noventa.  Na mesma época, começaram a surgir os primeiros cursos de especialização em Engenharia Clínica. Desde então, a figura do engenheiro clínico é encontrada em todos os grandes centros médicos. Inclusive, em 2010 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária estipulou que todo hospital com mais de 300 leitos deve criar um departamento de engenharia clínica.

Engenheiro clínico: trajetória, rotina profissional, faixa salarial e mais

Agora que já temos um contexto, podemos nos aprofundar um pouco mais na trajetória e prática desse profissional. Para começar, vamos apresentar o percurso acadêmico que costuma ser feito pelo engenheiro clínico.

Formação acadêmica

Apesar de não haver uma formação específica requerida para exercer a profissão, é obrigatório possuir educação de nível superior. Outro ponto recomendável para quem quer seguir a carreira é cursar a disciplina de engenharia clínica, seja na graduação ou na pós-graduação. Deste modo, assim como os engenheiros biomédicos, outros profissionais graduados estarão mais preparados para aplicar e desenvolver os conhecimentos de engenharia e práticas gerenciais às tecnologias de saúde, conforme definido pelo American College of Clinical Engineering (ACCE).

A rotina do engenheiro clínico

As funções do engenheiro clínico, como já citado, são multifacetadas e nascem da interseção entre diversas demandas que surgem no contexto hospitalar. Abaixo, elencamos algumas das principais:

• Monitorar e utilizar boas práticas para garantir integridade, disponibilidade e confidencialidade dos dados utilizados nos sistemas médicos integrados;
• Realizar testes nos sistemas médicos integrados utilizando ferramentas de gerenciamento de risco e reportar possíveis brechas aos responsáveis para que ajustes sejam realizados;
• Gerenciar a atualização dos softwares e realização de procedimentos de segurança em geral nos sistemas utilizados no hospital/centro médico;
• Identificar, adquirir e gerenciar os insumos do departamento de engenharia clínica;
• Trabalhar com stakeholders para garantir novos sistemas sejam integrados da melhor maneira possível aos sistemas legados;
• Preparar relatório orçamentário anual para monitorar e justificar possíveis variáveis em relação ao orçamento aprovado.

Competências

Levando em consideração as funções do engenheiro clínico, algumas competências profissionais são importantes para quem tem interesse em exercer essa função, como:

• Afinidade por tecnologia;
• Curiosidade por detalhes técnicos;
• Empatia;
• Persistência;
• Facilidade de comunicação;
• Experiência em gestão de equipes técnicas;
• Conhecimento da legislação;
• Planejamento e  acompanhamento de SLA (Service Level Agreement, Acordo de Nível de Serviço: documento utilizado como contrato entre a entidade que pretende fornecer serviços e o cliente que deseja se beneficiar deste).

Salário

Quando se fala em carreira, um dos pontos importantes costuma ser faixa salarial que a profissão abrange. Para o engenheiro clínico, tudo depende da sua formação, das responsabilidades que assume dentro do departamento e das soluções que é capaz de apresentar ao longo de sua trajetória. Os engenheiros devidamente habilitados no conselho de classe têm seu piso salarial recomendado pelo CREA/CONFEA. Além disso, as empresas mais modernas aplicam incentivos extras por produtividade, sendo comum valores muito superiores ao piso.

O mercado do engenheiro clínico

Por fim, vamos abordar um pouco os modos de contratação e as maneiras que um engenheiro clínico pode se posicionar no mercado de trabalho. Em geral, é comum que sejam selecionados profissionais que já fazem parte do staff de um hospital e que tenham as competências necessárias para o cargo. Nesses casos, a contratação CLT é mais habitual, uma vez que é um ótimo caminho para manter a sustentabilidade do negócio.

Para realizar o treinamento de quem está apenas começando, são contratados profissionais mais experientes e, por isso, mais caros. Os engenheiros clínicos exclusivos focam na orientação de profissionais iniciantes. Dessa forma, fornecem know-how, sistemas, analisadores e simuladores para as equipes dos hospitais, auxiliando na redução da dependência de serviços terceirizados. Como via de regra, eles costumam ser autônomos, sendo contratados via RPA (recibo de pagamento para autônomos) ou pessoa jurídica.

Esperamos que com essas informações, fique mais simples compreender a formação e o papel do engenheiro clínico, além de sua importância para o funcionamento de qualquer centro médico. Falando nisso, que tal saber mais sobre a função estratégica do engenheiro clínico dentro dos hospitais? É só acessar o nosso artigo sobre o assunto!