Engenheiro clínico exclusivo x terceirizado: que diferença isso faz no planejamento hospitalar?

Planejamento hospitalar

O papel do engenheiro clínico é tomar decisões estratégicas a respeito da infraestrutura tecnológica da instituição de saúde. E este profissional pode integrar a equipe de duas formas, dependendo das definições do planejamento hospitalar no que diz respeito à engenharia clínica.

Uma delas é como terceirizado, um profissional contratado temporariamente, ligado a uma empresa que fornece esse tipo de serviço. A outra é como exclusivo – seja como funcionário fixo ou temporário, mas sem ligação com um fornecedor externo.

São perfis bastante diferentes, e essas características distintas impactam significativamente no resultado final do trabalho. Compreender essas diferenças é indispensável para que a instituição de saúde escolha a estratégia mais adequada para a manutenção do parque tecnológico.

 

Histórico profissional

Nos dois casos, os engenheiros clínicos são profissionais formados em Engenharia Biomédica, ou em outra engenharia de base reconhecida pelo sistema CONFEA/CREA, e pós-graduados em Engenharia Clínica. Essa especialização precisa ter sido realizada em entidade reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC).

As diferenças aparecem na trajetória profissional.

Os engenheiros clínicos que seguem carreira como exclusivos, muitas vezes, começaram a carreira como técnicos. Ou seja, são profissionais que conhecem a fundo os processos de manutenção em hospitais. Por questões éticas, não estão conectados a empresas fornecedoras de peças ou serviços de manutenção. Podem fazer parte do quadro fixo do hospital ou trabalhar para empresas de consultoria.

Já o engenheiro clínico terceirizado trabalha diretamente para esse tipo de empresa. Não é incomum que profissionais com esse perfil sejam herdeiros ou parentes de donos de negócios no ramo, o que muitas vezes é um ponto decisivo para que eles construam carreira na área.

 

Interesses opostos

As dinâmicas de trabalho são muito diferentes entre si. Não é um equívoco dizer que os dois perfis de profissionais chegam a ter interesses opostos.

Isso porque, como defensor dos interesses internos do hospital, o engenheiro clínico exclusivo trabalha para encontrar meios de economizar recursos e otimizar as estratégias de manutenção. Investe tempo para entender todo o planejamento hospitalar e identificar os pontos de melhoria.

Embora o engenheiro clínico terceirizado tenha o mesmo objetivo (ao menos em teoria), na prática acaba tendo que aplicar um modelo padronizado de prestação de serviços para que consiga atender a diversos clientes. Assim, se dedica menos a otimizar o processo e mais às entregas imediatas – ou seja, a venda de documentos e peças.

 

A relação com a equipe

O engenheiro exclusivo costuma estar presente no hospital, enquanto o terceirizado é mais figurativo e ausente. Isso leva a diferenças importantes na relação com a equipe.

Identificar pontos de melhoria a partir do planejamento hospitalar também inclui a necessidade de desenvolvimento da equipe interna. Ao engenheiro clínico exclusivo, interessa contar com um time de manutenção altamente resolutivo e capacitado dentro do hospital. Ou seja, interessa levar a instituição a um nível de autonomia na manutenção.

Por isso, investe em formação, para que cada funcionário seja capaz de atender ao maior número de equipamentos possível. São adeptos da metodologia Lean: o menor uso de recursos com a maior eficiência possível. E contam com tecnologias e estratégias apropriadas para que isso seja possível – como o regime de comodato e inovações que tragam bom retorno sobre o investimento.

A equipe de empresas de manutenção terceirizada costuma ser muito maior que a interna dos hospitais. Por isso, cada técnico é especialista em uma etapa de manutenção ou em um tipo de equipamento. Cada um domina o uso de uma ferramenta de teste, análise ou simulação. Elevar a equipe a outros níveis de carreira não é interesse desse perfil de profissional, já que ele se preocupa em não alimentar uma futura concorrência.

 

Gestão do patrimônio

Talvez esse seja um dos pontos em que os dois perfis mais se distinguem. Isso porque, para o engenheiro clínico de empresa terceirizada, a troca de peças e os serviços adicionais são formas de lucro. Assim, cada equipamento do hospital é uma oportunidade de acrescer custos ao serviço.

Já como alguém que precisa otimizar custos, o engenheiro clínico exclusivo se dedica a manter o patrimônio do hospital pelo maior tempo possível, dentro do escopo definido pelo fabricante. Seguindo um planejamento, ele determina o custo máximo que aquele bem pode chegar de acordo com os valores projetados no ato da compra.

Contratando fornecedores

Retomando a necessidade ética de não ter parentesco com fornecedores, pode-se dizer que o engenheiro clínico exclusivo tende a privilegiar contratações mais transparentes em comparação ao terceirizado. Principalmente tendo em vista que, do outro lado, o terceirizado pode ter vínculos ou parentescos com fornecedores de peças e fabricantes.

Para os administradores, a diferença é a rastreabilidade dos recursos financeiros investidos. As tecnologias e serviços são escolhidos por meio de uma concorrência ampla, considerando benefícios reais e custos somados como a necessidade de mão de obra.

O que demanda o planejamento hospitalar?

A decisão de contratar um serviço de manutenção terceirizada ou um engenheiro clínico exclusivo para organizar uma equipe interna passa, principalmente, pelos custos. À primeira vista, pode parecer que o serviço terceirizado vale mais a pena. Mas, em longo prazo, com trabalho voltado para reduzir custos internamente, engenheiros exclusivos já conseguem converter custos de um único contrato de manutenção em economias de recursos da ordem de pelo menos 75% em apenas quatro meses de atuação.

 

Saiba mais sobre outras estratégias alternativas para a engenharia clínica no blog da Aclin. Que tal ler também esse conteúdo sobre o uso de aplicativos na otimização de processos hospitalares?